segunda-feira, 23 de novembro de 2009

1ª Noite - A chegada a Forks

Capítulo 01 – A chegada a Forks

-Pai, está bem. Não precisa carregar minha mala. – já basta o mico de andar no carro da polícia, eu queria dizer. Meu pai, Charles, é o chefe de polícia de Forks. Se você não sabe (graças a Deus que não saiba, mas infelizmente vai saber) ou não conheça (vou destruir suas ilusões), Forks é uma cidadezinha chata, úmida, fria no Estado de Washignton. E desde o casamento de minha mãe é aqui que viverei.

Eu sempre vivi em lugares quente e ensolarados. Mas sim, eu nasci aqui. E isso se reflete tanto em mim, na minha pele pálida. E meu preocupado e exagerado pai me matriculou no novo colégio da cidade, um Colégio interno. O Colégio Cross.

Esse colégio é estranho por possuir duas turmas: uma de dia e uma de noite. Pelo que me falaram, a turma da noite são uns ricaços metidos e lindos. Grande coisa! E aqui é uma filial de matriz japonesa... JAPONESA! Olhem só!

O fato é que eu estou aqui, olhando para os portões europeiamente rebuscados, com uma espécie de rosa com uma lua dentro dele.

-Hey, Bella! Então vai estudar aqui também?!

Senti alguém me abraçar por trás, pele quente, fervente que eu conheci vagamente.

-Jake! – Jacob Black, meu amigo de infância que tirava o marasmo dessa cidade chata quando eu vinha. Ele é mais novo que eu, mas já estava tão adulto que mal o reconheci. Eu sorri quando o vi. – Wow, como você cresceu!

-Deixa eu te ajuda aqui... E... Olá, chefe Swan! – ele ia tirando as malas das mãos de meu pai, que sorriu para ele.

-Olá, Jacob. Não ficar mais na reserva?

-Consegui uma bolsa de estudos aqui, vou ficar estagiando. – ele sorriu largamente, mostrando os dentes brancos. – E vou ficar vigiando a Bella também.

-Ah, que bom.

Eu fiquei quieta. Apenas me virei novamente para o portão da escola. Foi quando eu o vi pela primeira vez. Ali, parado, de braços cruzados. Vestia algo que pelo que eu saberia a seguir era o uniforme da turma do dia masculino: terno negro de linhas cinzas claras. No braço, uma faixa indicava que ele não era um aluno comum. Seus olhos eram verdes como as florestas de Forks e a cabeleira ruiva como chamas. Eu fiquei admirando ele, por que ele de alguma forma não me pareceu muito comum.

-Bella?

Jacob me chamou e me distraiu. Então vi ele olhando para o rapaz ruivo com um brilho estranho que eu nunca vi nos olhos dele. Parecia que iria virar um lobo e devorá-lo vivo.

-Pfff, não diga que ele vai ser nosso monitor.

-Monitor?

-É... Todas as filiais do Colégio Cross tem monitores disciplinares que mantém a turma do dia longe da noite. Não acredito que um cara desse tipo foi escolhido.

-Como assim? Manter longe? Desse tipo?

-Deixa quieto, Bella. Vamos logo para recepção.

E então seguimos portão adentro. E eu passei pelo rapaz e ouvi sua voz pela primeira vez:

-Vamos, vão seguindo em frente... Hey, Alice! Dá uma mão aqui!

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Cheguei num grande salão, cheio de alunos. Isso, antes tive que colocar um uniforme muito estranho, negro, saia... Ok, a matriz é japonesa, mas precisávamos usar uniforme ao estilo japonês?

As cadeiras eram separadas por turnos: a Day Class, onde eu estudo e a Night Class, onde os tais alunos de elite estudam. Uma mulher delgada, mas incrivelmente linda se elevou no palco e tomou a frente.

-Sejam bem-vindos a filial americana do Colégio Cross. Eu sou a diretora, Esme Cullen. Deixe-me apresentar a vocês meus filhos adotivos e monitores do colégio: Edward Cullen e Alice Cullen.

Eu vi o garoto ruivo subir ao palco, parecendo inabalável, um deus grego de imponência e serenidade. A outra, Alice, mais parecia uma criança: era pequena, miúda, cabelos negros curtinhos e olhos azuis escuros. Tinha um estilo de maquiagem que tentava puxar para um gótico (inútil, apenas realçava seus olhos) e tal pequena era, tal agia, andando como se dançasse ou saltitasse.

-É proibido os alunos de cada dormitório transitarem no outro. O horário onde Day Class e Night Class se encontram são aos finais da tarde, durante a troca de turno. – disse Alice, num tom de sermão infantil.

-Alunos da Day Class, não devem sair de seus dormitórios, embora eu saiba que vão desejar fazer o contrário. Ou seja, nada de fotos, vídeos no YouTube ou algo assim dos alunos da Night Class... – completou Edward e uma onda de “Oooooooooohhhh, noooooooo” surgiu na platéia.

Virei-me para Jacob e vi ele com a cara amarrada que não era comum. Ele e eu não suspiramos tristemente com a notícia. Ele me parecia bizarramente tenso e mau-humorado. Mas eu não achei tão imponente a tal turma da elite. Não me chamara a atenção... Ao contrário do nosso monitor ruivo, Edward Cullen...

E eu senti um arrepio e me voltei para o palco. Eles continuavam lá, a senhora Cullen, a diretora, voltou a falar, algo sobre Kaien Cross e sua fundação maravilhosa (e brega) do colégio e senti as orbes verdes travadas nos meus olhos.

Senti minhas bochechas ferverem, eu estava corando. Ele rapidamente desviou seu olhar dos meus olhos e passou a fitar o teto, distraídamente.

-Assim, declaro encerrada a solenidade de abertura da filial americana de número 1 do Colégio Cross. Sigam para a festa. – Esme sorriu grande e foi até um homem elegante e loiro sentado próximo ao corpo docente. Ele segurou-lhe a mão e ela sorriu. Ele correspondeu. Soube mais tarde que ele era o médico da escola.

-Não se aproxime da Night Class, nem dos monitores. – sussurrou Jacob no meu ouvido, discretamente. – Eles são o tipo de pessoa que usam você e jogam fora...

-Como tem tanta certeza?

-Você não vai querer saber, Bella.

Ele se levantou mas parou para me olhar.

-Vai para a festa? – ele me perguntou, voltando a sorrir como eu conhecia.

-Não. Eu fujo delas.

-Boa garota, fez a coisa certa!

Mas senti pela primeira vez na vida uma pontada de curiosidade de saber como são as festas de elite. Eu segui com Jacob ao território do Alojamento do Sol, minha nova casa. Ele me deixou na porta do dormitório das garotas, mexendo no meu cabelo. Minha visão ficou canela-Jacob misturado a chocolate-Eu.

-Fez mesmo uma boa escolha, Bella... Amanhã, Sam vai trazer umas motos e carros e deixar num galpão desativado. Que tal me ajudar a consertar?

-Esse é seu estágio?

-Não, mas um ganha pão extra. – ele riu, docemente. E então ele seguiu para o lado inverso, para seu dormitório masculino.

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Quando Jacob falou do galpão, senti uma necessidade de ir vê-lo. Não sabia por que ou o que. O fato é que ver o lugar onde passaria horas fofocando sobre praias gélidas e passado de risadas, me pareceu agradável.

Eu não precisaria do marasmo do meu novo quarto, tampouco do movimento asqueroso de uma festa. E Jake não falou sério sobre me vigiar, eu realmente não acredito nisso!

Quando eu cheguei no meu quarto, a placa dizia “Isabella Swan e Alice Cullen”. Que legal, eu seria colega da monitora. Mas senti uma pontada no estômago. Eu não iria dizer nada a Jacob, por que ele simplesmente não gostava dos monitores. Teria ele se tornado um rebelde sem causa?

Eu sai pé ante pé, vestindo meu uniforme incompleto (sem o blaser estranhamente cheio de listras cinzas, o lacinho vermelho estranho), calçada com tênis All Star de cano baixo e meias brancas mesmo. Do jeito que Jake parecia um cão de guarda, era melhor nem parecer que eu estava saindo.

O fato é que segui para uma floresta pequena (mas incrivelmente úmida, fria, e verde) até achar o galpão. O verde da floresta e o galpão vermelho me fez lembrar de tardes em La Push, perdidas em algum lugar de minha fragmentada memória.

Eu entrei lá dentro e no meio do escuro eu ouvi barulhos de latas caírem no chão. Senti meu corpo congelar e meus passos diminuíram, andando cuidadosamente. Cheguei até um pedaço do galpão que a lua iluminava os resquícios de palha do que um dia deve ter sido um bonito curral de cavalos. E então eu vi sapatos. Reconheci como os sapatos do uniforme masculino. Ouvi uma respiração forçada e ofegante.

-Ei, quem está aí? O que está acontecendo?

-Saia daqui!

Era Edward. Sua voa parecia sofrer tanto quanto sua respiração entrecortada dizia.

-Vou chamar um médico...

-Não adianta, apenas saia daqui... Não é seguro!

-Alguém te atacou?

-Saia! – ele deu um grito, um ultimato. Eu não me mexi.

Então me abaixei e fiquei próxima a ele, seus olhos estavam fechados, forçados, como se sentisse dor.

-Onde dói?

-A garganta... seca...

-Vou procurar água...

-Não... suma daqui... por favor...

Eu não conseguia me mexer. Em algo que pareceu um esforço, ele se ergueu, apoiando em meu ombro e me encarou. Não eram olhos verdes que me encaravam. Na semi-luz, o que eu via eram olhos vermelhos, brilhando como luzes de natal. Eu devia sentir medo? Devia?

Eu não senti medo. Não daqueles olhos. Ele me abraçou forte e puxou a gola de minha blusa. Na hora não pensei em assédio sexual ou algo assim.

E então doeu. Algo fincou em meu pescoço e senti que algo de mim se esvaía.

“Eles não prestam...”, ouvi Jake na minha cabeça. “Eles te usam e jogam fora...”

Numa lata caída eu vi a cena: ele mordera meu pescoço, presas. E ele sorvia meu sangue.

“Eles não prestam!”

-Vam... Pi... ros... – balbuciei, sentindo-me fraca.

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