sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Capítulo 02 – Fotofobia

-Hey, Bella! Como você está?

Acordei sem muita noção do que havia ao redor. Eu sequer me lembrava do que havia acontecido e me deixara na enfermaria do colégio. Jake estava ao meu lado, sorrindo, mas preocupado.

-O que houve? – eu perguntei, a voz mole.

-Você desmaiou. – respondeu uma voz desconhecida, um homem, loiro, de jaleco – Edward a encontrou caída.

Como assim? Edward Cullen, nosso monitor? O rapaz estava a poucos metros de mim, sem me olhar. Ele, por algum motivo não me queria encarar. O médico olhou de soslaio para o monitor.

-Eu sei, Carlisle...

Por que ele disse algo assim do nada? O médico se aproximou de mim e Jake o parou, segurando seu pulso.

-Já foi muito, doutor.

-Deixe o doutor...

-Carlisle Cullen... – ele me completou.

-Deixe o doutor Cullen trabalhar. Que coisa, Jake!

Ele me olhou, emburrado e sem dizer mais nada, saiu da enfermaria. Dr. Cullen ficou examinando meu pulso e logo em seguida, Edward também saiu.

-Perdoe meu filho. Ele passou por muita coisa e um pequeno acontecimento o deixou confuso. Mas ele é um bom rapaz. – disse Carlisle ao perceber que eu fiquei olhando a porta. – E perdoe seu amigo, Black, ele tem bons motivos e eu não os tiro.

-Filho? – indaguei, surpresa.

-Ah, sim. Edward não é meu filho biológico. Eu e Esme o adotamos há algum tempo. Só Rosalie, da turma noturna é minha filha biológica.

Fingi não demonstrar minha confusão interna, mas comecei a corar. Ele sorriu, talvez tenha entendido que eu não queria perguntar.

-Ele estava só. – disse somente isso. – Muito bem, pode ir. Seu amigo está do lado de fora, te esperando.

Eu agradeci ao médico e sai, devagar. Quando abri a porta, levei um susto: Edward e Jacob, ambos segurando os pescoços e se encarando como inimigos mortais. A princípio eles não repararam em mim e então eu pude ouvir um pouco.

-Seu desgraçado! Eu vou matar você! Como ousa ter feito com ela isso!!!? – rosnava quase baixo um Jake nervoso que eu nunca vira e dava medo.

-Acha que me diverti com isso, aberração? Eu não escolhi essa vida! – respondeu o ruivo, os olhos assumindo uma cor que eu tinha a sensação de já ter visto. Mas... Eu não me lembrava de onde.

Foi quando eles me viram e se soltaram. Quase que no mesmo tempo, arrumaram seus uniformes e Jacob saiu, andando a passos ainda mais largos para longe. Edward olhou nos meus olhos, ainda com a coloração vermelha. Ele piscou e a cor voltou ao verde esmeralda.

-Você está bem?

-Como faz isso? – perguntei.

-Isso o que?

-Seus olhos, ficam vermelhos e depois verdes. Como consegue?

Ele sorriu e desviou os olhos de mim, depois soltou um suspiro curto e voltou a me olhar, mas dessa vez não nos meus olhos:

-Acho que você ainda está tonta e vê coisas. E você, como consegue?

-O que?

-Ser como um livro em cuneiforme... Impossível de ler...

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-Eu sei que não tive culpa...

Carlisle entrara no quarto de Edward. Ao lado de Alice, estava sentado na cama. Pela janela, apareceram uma garota loira, linda e deslumbrante, junto de um rapaz também loiro e outro, grandalhão e moreno.

-É por que é um ex-humano defeituoso, só isso.

-Rosalie. Isso não são modos! – disse calmamente Carlisle.

-Ela está certa. – respondeu o ruivo, com um ar doce. – Você me transformou, deu teu sangue, mas ajo como um ex-humano insano e ainda tenho essa fotofobia horrível.

-É por que não chegou o momento. – disse uma voz serena, vinda da porta também. Era Esme, sempre com uma expressão doce. – Se souber antes, irá trazer muito sofrimento para você.

Edward mudou a expressão, para algo como raivosa. Estava em silêncio, todos.

-Poderiam ficar quietos em suas mentes?

-Não entendo. Como um ex-humano tem uma habilidade que nem uma deusa sangue-puro como minha Rosalie tem? – resmungou o moreno, abraçando a sangue-puro loira.

-Cale-se, Emmet! Você também é um ex-humano! – resmungou Alice, com seu jeito delicado, apontando para o grandalhão. – Não fale como se tivesse nascido vampiro!

-Ela tem razão. – disse o outro loiro, Jasper.

-Que seja, por algum motivo você e Carlisle bloqueiam isso de mim. – disse o ruivo para Esme, se levantando e fazendo sinal para que todos saíssem.

Logo estavam só. As criaturas da noite eram tal qual se dizem... Os vampiros se misturaram nas sombras, deixando um único ali.

-Por que só ela não?

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Não quis ver Jake e seus trabalhos “grana extra” por uma semana. Eu ia ver a entrada do período noturno só para tentar entender por que tanto assédio. Edward e Alice estavam lá, fazendo seu serviço e impedindo que as garotas (e garotos, olhem só!) do dia pulassem no pescoço dos alunos da noite.

Por falar em pescoço, apareceram feridas estranhas no meu pescoço e as vezes elas doem. Não sei bem por que, mas algo me diz que Edward sabe sobre isso.

Ele parecia tão competente no serviço de assustar as fan girls, e isso sem ser grosseiro, que me lembrar dele e Jake se agarrando pelo pescoço era algo muito sem sentido. Não fazia mesmo o sentido.

Jake...

Dr. Cullen disse que Jake tinha boas razões. Quais eram... Isso eu não sabia. E aquilo me incomodava. Jake estava sendo mal-educado e preconceituoso! Ele também não me procurou, só me olhava de relance durantes as aulas, quando saia no corredor (apesar de ser maior do que eu, Jake é mais novo!)

Ao final da semana, eu só vi Alice contendo as fan girls. Era um dia bem ensolarado e delicioso, como Forks normalmente não tinha. Edward simplesmente sumira naquele dia, nem mesmo indo as aulas. Quando as fan girls (e fan boys também) finalmente perceberam que não iam adiantar aquela confusão toda e se foram para seus dormitórios, me aproximei de Alice.

-Boa tarde... Posso perguntar algo?

-Ah, olá Bellan Swan! – ela sorriu amigavelmente. Definitivamente TODOS me conheciam em Forks. – Sim, sim, por favor.

-Edward... Por que não está em serviço?

Ela empalideceu, disfarçou a apreensão com um sorriso meigo e disse.

-Amanheceu indisposto. Ele não parece, mas tem uma saúde frágil. Ele tem fotofobia, por isso nosso pai adotivo sempre busca lugares nebulosos para viver. Ele agüenta o limite de sol encoberto pelas nuvens.

-Nossa... Nunca imaginei que isso fosse possível de se ver! – suspirei.

-Você é curiosa. Edward que disse. E cheira bem.

Corei e fiquei confusa. Como assim, cheiro bem? Antes que eu pudesse perguntar, ela se virou e saltou um muro, correndo para a direção oposta. Fiquei ali, observando ela partir.

-Eu aviso de novo, fique longe dos Cullen e todo período noturno.

Jacob estava atrás de mim, uma cara fechada e assustadora.

-Por que fez isso ao monitor...? Tentou estrangulá-lo?

-Ele também fez. – ele sorriu, irônico.

-Então por que fizeram? Por que disse que ia matá-lo?

Ele corou debaixo daquela pele de azeite e desviou o olhar, a expressão sem vida.

-Você nunca poderia saber. Não deve. Mas ele é um... bad boys, digamos. Mas um bad boys gangster. Um vilão disfarçado de herói.

-Como pode ter certeza? – rosnei, com os olhos “mutilando” o rosto do meu amigo.

-Eu sei.

E então ele simplesmente saiu de perto de mim, dando as costas. Claramente ele não queria continuar o assunto e não conseguia me encarar e dizer a verdade.

Eu simplesmente teria que descobri-la.

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